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Torcedores fazem doação de alimentos para ambulantes de estádios no Rio

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O isolamento social por conta do novo coronavírus gerou um sentimento de saudade generalizada do futebol. O torcedor não vê a hora de a bola voltar a rolar. Mas há quem tenha motivos mais urgentes para torcer pelo controle da pandemia e a volta dos estádios lotados. Sem a atividade que garante seu sustento, ambulantes do Maracanã, Nilton Santos e São Januário enfrentam dificuldades financeiras no período de quarentena e dependem da solidariedade de torcedores.

É o caso de Bárbara Barbosa Ribeiro. A renda da família vem do programa Bolsa Família, do trabalho de Bárbara como ambulante, sem carteira assinada, nos estádios do Maracanã, Nilton Santos e São Januário e da venda de balas em ônibus. Mãe solo de duas crianças, ela usou os R$ 1.200 do auxílio emergencial para pagar os aluguéis atrasados, cada um no valor de R$600.

– A mulher (dona do imóvel) queria me botar para fora com as minhas crianças. Consegui pagar. Mas para as compras, (o auxílio) não vai dar esse mês. Não sei como vou fazer. Tenho dois quilos de arroz e um de feijão para durar até o mês que vem. Isso porque peguei na cesta dos torcedores do Vasco, senão nem isso tinha – desabafa.

Moradora do Morro do Urubu, em Pilares, ela até cogitou ir para a rua tentar complementar a renda, mas não pode sair de casa por conta de dois fatores: as escolas fechadas e a condição de grupo de risco dos filhos. Mariana e Guilherme, de sete e nove anos respectivamente, têm bronquite. Além disso, a caçula também é portadora de artrite idiopática juvenil, doença inflamatória crônica que acomete as articulações – no último mês, por conta da crise, a menina ficou sem a dose do remédio para tratamento.

A situação é ainda mais complicada para funcionários do Maracanã com contrato intermitente. O modelo, criado na reforma trabalhista de 2017, permite que o trabalhador não tenha jornada fixa e receba pelas horas trabalhadas. Durante a pandemia, a MP 936 permitiu a suspensão desses contratos de trabalho, recebendo o Benefício Emergencial (BEm).

O valor de R$ 600 do benefício não pode ser dobrado para mães ou pais solo, e foi um dos últimos a ter previsão de pagamento. A primeira parcela foi paga somente na última segunda-feira (04/05).

Monique da Costa de Souza é uma das que aguardam o pagamento do benefício. Sem trabalhar desde 14 de março, ela vem contando com doações para se manter e garantir a alimentação de seus oito filhos.

– Estou vivendo na medida do possível. Deus está me dando forças para seguir. Se meus filhos têm arroz e feijão para comer, eu agradeço à torcida. Os patrões mesmo não querem nem saber se temos de onde tirar o que comer.

Muitas vezes despercebidos ao passarem entre as fileiras nas arquibancadas, os trabalhadores se sentem ainda mais invisíveis no momento de dificuldade. Sem seu ganha-pão, eles contam com a solidariedade para enfrentar a crise.

Alguns grupos de torcedores, incluindo a torcedora símbolo do Vasco Adriana Lisboa e o youtuber rubro-negro Guilherme Pinheiro, fizeram doações de cestas básicas para trabalhadores dos estádios.

Fonte: GE | Foto: Divulgação

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