Considerado um dos expoentes do UFC na atualidade, o lutador feirense Carlos Felipe “Boi” pegou um “gancho” de 18 meses de suspensão, por uso de anabolizante acusado em exame antidoping realizado no último dia 16 de outubro por ocasião da sua luta com Andrei Arlovski, em que perdeu por decisão. Segundo o órgão que regula os eventos do UFC no estado americano, o lutador falhou em exame antidoping cujo resultado acusou o agente anabolizante Boldenone e seus metabólitos. A notícia foi revelada primeiro pelo site “MMA Fighting”.
Carlos Boi já havia sido suspenso pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) por uso de esteroides em outubro de 2017, logo depois de um mês que havia assinado com o UFC. À época, levou dois anos de suspensão. Ele só faria a estreia no UFC em julho de 2020. Além da suspensão – que terminará em 16 de abril de 2023, já que o gancho é retroativo à data do exame -, o lutador de 27 anos terá que pagar multa de 15% do valor de sua bolsa nesta luta contra Arlovski, o que corresponde a US$ 4.200, além de US$ 489 em taxas. Na conversão atual, o valor chega a cerca de R$ 26 mil.
ACORDO
Em comunicado enviado ao Combate, o empresário do lutador, Thiago Okamura, explicou o motivo de não contestar o resultado e aceitar um acordo de sanção, ainda que Carlos Boi negue a ingestão deliberada e consciente de qualquer substância proibida. Segundo ele, o custo de toda a defesa chegaria a cerca de US$ 10 mil, ou cerca de 55 mil, sem garantia de sucesso. “Tínhamos cerca de 13 suplementos não certificados e cinco medicamentos que ele havia tomado ou usado naquele período de um mês, e apenas o teste custaria cerca de US$ 300 a US$ 500 cada. Além do suplemento aberto que ele havia tomado, teríamos que encontrar outras amostras desses suplementos/medicamentos do mesmo lote como contraprova se encontrássemos um que estivesse contaminado. Após os resultados dos testes, teríamos que contratar um advogado para fazer essa defesa, e isso foi estimado em até US$ 10 mil”, informou.
COMUNICADO
Confira o comunicado completo enviado pelo empresário do lutador:
“No dia 16 de outubro, Carlos Felipe “Boi” foi testado pelo NAC durante a noite de sua luta, e no dia 19 de novembro, para nossa surpresa, recebemos a notícia de que ele havia sido suspenso temporariamente devido a um teste positivo. Como é de conhecimento geral, Carlos Felipe teve sua estreia no UFC adiada em dois anos por um teste positivo feito pela USADA logo após assinar seu contrato com o UFC. Desde então, ele está muito ciente dos perigos que uma nova sanção poderia resultar. Se ele testasse positivo novamente num teste da USADA, ele seria penalizado com uma suspensão de quatro anos. Uma vez que a suspensão foi completa e ele reassinou com o UFC, Carlos sabia que nunca poderia escorregar novamente ou as consequências seriam terríveis. Então, com isso em mente, o novo resultado positivo foi uma grande surpresa.
Carlos sabia que não tinha feito uso de nenhuma substância ilegal e tinha acabado de testar negativo em dois testes consecutivos da USADA pouco antes desta data (25/08 e 13/09), e depois tivemos resultados negativos da USADA após a luta (12/11 e 26/11). O teste da NAC voltou com altos níveis de Boldenona (164 nanogramas/ml) e seus metabólitos (230 nanogramas/ml). Após algumas pesquisas, descobrimos que a Boldenona e seus metabólitos têm uma longa meia-vida, portanto, não aparecer nos seguintes testes da USADA foi incomum. Então, pedimos para testar a segunda amostra e, novamente, para nossa surpresa, ela deu positivo.
Com a ajuda de Jeff Novitzky e Donna Marcolini do UFC, conseguimos entrar em contato com alguns especialistas e um deles mencionou que havia uma substância oral chamada Boldione que se converte em Boldenone uma vez ingerida, e que tem uma muito menor meia-vida, o que explicaria os dois testes de acompanhamento feitos pela USADA sem sinal de boldenona ou seus metabólitos.
Portanto, tínhamos uma linha do tempo mais clara de quando essa ingestão poderia ter acontecido e passamos a tentar testar todos os suplementos que ele estava tomando nessa janela e o custo para criar uma defesa em torno disso.
Após conversas com advogados, laboratórios de testes e a Comissão, entendemos melhor quanto custaria a defesa. E seria muito caro. Tínhamos cerca de 13 suplementos não certificados e cinco medicamentos que ele havia tomado ou usado naquele período de um mês, e apenas o teste custaria cerca de US$ 300 a US$ 500 cada. Além do suplemento aberto que ele havia tomado, teríamos que encontrar outras amostras desses suplementos/medicamentos do mesmo lote como contraprova se encontrássemos um que estivesse contaminado. Após os resultados dos testes, teríamos que contratar um advogado para fazer essa defesa, e isso foi estimado em até US$ 10 mil. E, infelizmente, o valor necessário para montar uma defesa adequada junto com o teste de todos os produtos não era algo realista para Carlos.
A Comissão poderia suspender Carlos por até 24 meses por causa do teste positivo anterior que ele teve sob a USADA, além da multa e dos custos do advogado (o lutador suspenso tem que pagar os custos do advogado da comissão).
Sabendo que não poderíamos ter certeza se encontraríamos o suplemento que estava contaminado e os custos inerentes a essa defesa, conversamos com a comissão e conseguimos uma redução em sua multa e suspensão se fizéssemos um acordo antes da audiência.
Tudo considerado, foi decidido por Carlos e sua equipe de aceitar a multa de 15% e a suspensão de 18 meses através do acordo e não avançar com os testes e a defesa”.
Fonte – Canal Combate
Foto – Evelyn Rodrigues