Se atualmente o argentino Germán Cano – atualmente no Fluminense/RJ – tem ganhado notoriedade, sendo atual artilheiro do mundo com 31 gols marcados, o homônimo feirense também já viveu momentos de alegria quando nos anos 90 teve o maior artilheiro do Brasil em uma temporada: o centroavante Ronaldo, que em 1992 balançou as redes por 37 vezes, se tornando um dos grandes jogadores que deixou muitas saudades aos torcedores feirenses.
Ronaldo começou a carreira em meados dos anos 80 e neste período se destacou jogando no Leônico, num time que tinha grandes jogadores como Washington Luís, Douglas, Sena, Jorge Campos, Ricardo Long, dentre outros. “Olha só o nível dos caras com quem joguei? Não tinha como não aprender, apesar do Leônico para a época ser considerado um time modesto. Depois de me destacar fui para o Moto Club/MA, mas fiquei por pouco tempo”, lembra.
Ronaldo sofreu uma lesão no joelho e em 1991 teve a chance de vir para o Fluminense, depois de ter recebido um convite do então presidente do clube, Everton Cerqueira. “Eu cheguei num momento bom porque o clube tinha sido vice-campeão baiano e tinha pela frente uma temporada cheia, abrindo com o Campeonato Brasileiro e no segundo semestre o Campeonato Baiano. Só no Baiano fiz 15 gols e fui o quarto artilheiro do Brasil ficando atrás de Túlio, Raí e Wandick. Foi mágico e o time que a gente tinha aqui… Meu Deus, era brincadeira o que os caras jogavam!”, exclama.
Abel; Mário Carlos, Augusto, Eduardo e João Luís; Zelito, Lima e Osmar; Edmilson, Ronaldo w Baiano. Esse foi o time do Fluminense de Feira, vice-campeão baiano de 1991, que teve José Carlos Queiroz como seu treinador. “O Campeonato Baiano era divido em quatro turnos: o Bahia ganhou três e nós vencemos um. Para ser campeão, o Bahia precisava tão somente ganhar uma partida, enquanto a gente teria que ganhar três para forçar uma quarta partida porque no regulamento cada turno conquistado valia dois pontos”, recorda o ex-atacante. “O Bahia tinha 6 pontos e o Fluminense 2: ganhamos um jogo na Fonte Nova de 3 x 2; no Joia empatamos em 1 x 1 e na terceira partida tomamos 3 x 0 e o Bahia foi campeão. Perdemos de cabeça erguida porque lutamos muito contra o Bahia que estava ‘anos-luz’ à nossa frente”, complementa.
ARTILHEIRO DO BRASIL
No ano seguinte, o Fluminense viveu outro grande momento quando foi vice-campeão brasileiro da Série C diante da Tuna Luso/PA. O time comandado por Veraldo Santos tinha como titulares: Eugênio; Itamar, Augusto, Estevan e Dimas; Zelito, Edinho e Acácio; Ieiê, Ronaldo e Baiano. O camisa 9, que foi negociado com o Goiás no segundo semestre, naquele ano foi artilheiro do Brasil com 37 gols. “Hoje, o (Germán) Cano é o atual artilheiro do mundo com 31 gols marcados e o ano tá acabando. No Brasileiro, agora, em 27 jogos, ele fez 15 gols, o que muito pouco. Olha quantas competições ele joga? Olha quantas eu joguei? Tudo mudou: hoje o cara é artilheiro do Baiano com 6,7 gols em dois, três meses de competição. O futebol mudou demais as concepções e está cada vez mais complicado se atingir marcas como eu atingi em 1992 jogando pelo Fluminense e o Goiás”, recordou Ronaldo.
Ídolo no Fluminense de Feira, Ronaldo ainda jogou no Bahia e no Ceará, além do Goiás e já no final da carreira ele ainda retornou ao Fluminense, onde disputou a 2ª divisão do Campeonato Baiano e ajudou o Touro do Sertão a retornar a elite baiana em 2000. Aos 59 anos, ele se diz realizado com o que conseguiu no futebol. “Tenho uma vida tranquila, graças a Deus: toda a minha família, assim como eu, reside em Madre de Deus. Trabalho no setor de esportes da Prefeitura e o futebol, eu digo que é tudo na minha vida porque depois da minha família é o maior tesouro que possuo”, declara.
O torcedor do Fluminense de Feira pode matar saudades de Ronaldo, o vendo jogar no time Máster do tricolor feirense que disputa o Campeonato Baiano da categoria. “É uma ‘cachaça’, o futebol porque, lógico, além de correr atrás da bola, jogar no Máster me proporciona a oportunidade de rever amigos que estiveram comigo ao longo da minha jornada e de matar as saudades do Joia (da Princesa), que tantas vezes vi com as arquibancadas cheias de torcedores maravilhosos com quem convivi aqui em Feira. Jogar no Fluminense foi importante demais para a minha caminhada”, afirmou Ronaldo.
Por Cristiano Alves com informações de Miro Nascimento
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