O ex-pugilista Reginaldo “Holyfield” Andrade deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Salvador com um quadro de anemia, pneumonia, diabetes e alteração da próstata. Lenda do boxe na Bahia, Holyfield tem 56 anos, perdeu peso e chegou aos 66 kg, bem distante dos 86 kg do período em que estava em atividade nos ringues. Segundo a Secretaria de Saúde de Salvador (SMS), Holyfield fez exames, foi medicado e estabilizado. Ele vai ser transferido para o Hospital Municipal de Salvador para continuidade do tratamento.
Um dos treinadores de boxe de Holyfield, conhecido como Popai, enviou um vídeo em que aparece ao lado do ex-pugilista. Nos trechos em que é possível ouvir o que ele diz, fica a mensagem de superação:
– Deus está no comando. Vai superar. Força! – diz Popai
Filha de Holyfield, Viviane Andrade relata que o estado de saúde do pai piorou nos últimos dias e que temeu o pior.
– Está sendo uma tristeza. Estou aqui sem dormir desde segunda-feira. Desde que ele começou, eu e minha irmã não conseguimos dormir direito, muito preocupadas. Foi quando a gente viu mesmo que, se ele ficasse em casa, ele poderia morrer dentro de casa. Aí a gente decidiu trazer ele para a UPA, para ele ter um tratamento adequado, porque em casa não tem como – disse em entrevista.
As imagens de Holyfield debilitado chamaram a atenção e geraram campanha nas redes sociais. O músico Tonho Matéria pediu ajuda ao governador da Bahia, Rui Costa, e ao prefeito de Salvador, Bruno Reis.
– Reginaldo da Silva de Andrade, mais conhecido como REGINALDO HOLYFIELD, está neste momento precisando urgentemente de ajuda. Com apenas 66kg sem andar e sem falar, completamente debilitado. Precisa ser internado e cuidado com dignidade, por tudo que fez pela BAHIA e pelo BRASIL – escreveu o músico.
O ex-goleiro do Bahia, Jean, publicou nas redes sociais uma foto de Holyfield bem mais magro e também pediu ajuda.
Tiane Rebouças, treinador de boxe, conta que Reginaldo Holyfield também desenvolveu um quadro de depressão nos últimos meses e tem dificuldade na comunicação.
– Mais ou menos cinco meses atrás, ele já estava um pouco debilitado. Uma pessoa da igreja conseguiu para ele alguns exames e constatou diabetes. Com isso, ele ficou cada vez mais debilitado, com quadro também de depressão. Ele está com vergonha dele mesmo. Um cara que já foi malhado, atleta de alto rendimento, e hoje está debilitado. Tinha noventa e poucos quilos, hoje está com 66 kg. Muito debilitado, falando baixinho. Eu e o professor Popai levamos ele para um evento de luta no shopping, e ele já estava muito debilitado. A gente passava lá para alegrar ele, levar para comer fora, distrair ele. Eu espero que ele venha a sair dessa para que ele pelo menos volte a treinar – relata o treinador.
– Ele não estava fazendo nenhuma atividade física. E também descobriu essa questão da diabetes, onde ele praticamente não estava saindo de casa. Eu estava indo sempre lá para buscar ele, para tentar passar um conforto melhor, para ele não ficar depressivo em casa. Infelizmente, chegou nessa situação na qual a gente não pode fazer um tratamento específico. Só o médico mesmo – relata Popai.
Campeão em luta pela vida
O ex-pugilista baiano passou a ser conhecido por “Holyfield” em razão da semelhança física com o o americano Evander Hollyfield. Antes de Acelino “Popó” de Freitas, ele era o principal nome do boxe da Bahia e acumulou conquistas: seis campeonatos brasileiros, quatro títulos sulamericanos, seis latinos, um hispânico, um internacional e dois campeonatos mundiais.
Holyfield também ficou famoso pela rivalidade com o pernambucano Luciano “Todo Duro” Torres. Em 2015, os dois pausaram a aposentadoria e fizeram um último embate, que foi chamado de “Luta do Século A rixa entre os dois dura há mais de 20 anos. O embate ganhou até filme em 2016: A Luta do Século, do cineasta Sérgio Machado.
Mas esta não é a primeira vez que Holyfield luta pela vida. Em 2011, ele teve 40% do corpo queimado após salvar os sobrinhos em um incêndio que atingiu a casa onde viviam em Salvador. O ex-pugilista foi atingido pelas chamas nos braços, ombro e pernas.
Com histórico de voltas por cima da lenda do boxe baiano, Tiane Rebouças acredita que não vai ser diferente desta vez. “Ele é um cara forte. Viveu para treinar. Gostava de treinar, nunca deu trabalho a gente. Inclusive, acredito que ele não está tão mal ainda, porque sempre foi um cara de alto rendimento. Nunca bebeu, nunca perdeu noite. É um esportista. Vai sair dessa”, afirma.
Fonte: GE/ foto: divulgação