Renúncia foi reflexo de divergências internas no Touro do Sertão

22 de março de 2021

in Fluminense de Feira

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A renúncia de Deraldo Conceição da presidência do Fluminense foi mais um capítulo da triste história recente do tricolor feirense marcada por uma sequência de divergências internas do ponto de vista político-administrativo, que estão maior evidência nesse momento em relação ao time que faz uma campanha pífia, refletida oitava colocação na classificação geral do Campeonato Baiano e o sério risco de rebaixamento para a 2ª divisão em 2022.

O “rosário” de divergências teve largada com saída de integrantes da Torcida Organizada Falange Tricolor que ocupavam cargos diretivos no clube. Posteriormente, o próprio vice=presidente do clube, Zaqueu Santiago também renunciou seu cargo comungando com os demais dirigentes. Diga-se de passagem, ele também é membro da torcida organizada que estará apoiando o então presidente Deraldo Conceição em troca de uma participação mais ativa na vida do clube.

A alegação para que todos batessem em retirada foi justamente o autoritarismo do presidente que centralizava todas as decisões sem consultar seus pares. A insatisfação foi externada pelo então vice-presidente na sua carta-renúncia. “Eu, Zaqueu Tanan Santiago, vice-presidente do Fluminense de Feira Futebol Clube no mandato complementar da gestão 2019/2021, venho por meio desta nota comunicar meu afastamento de todas funções relacionadas ao cargo em questão. Tal decisão, tomada em conjunto com o grupo que me apoiou, ocorre por divergências com a condução administrativa do clube, incluindo a falta de comunicação, decisões tomadas de forma autocrática por parte do atual Presidente. Assim sendo, renuncio a minha condição de vice-presidente. Continuarei torcendo pelo meu time de coração e contribuirei enquanto sócio deste clube, mas não mais como titular de cargo diretivo. Sucesso e sorte a todos! Avante Fluminense!”

ESTOPIM

Deraldo Conceição explicou que o estopim para que realmente entregasse a sua carta de renúncia foi relacionado a uma ação por parte do presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Raimundo Santos, que estaria convocando uma reunião dos conselheiros para avaliar algumas atitudes do presidente executivo. Dois editais foram elaborados convocando os conselheiros e sócios para uma assembleia geral onde seriam avaliados atos administrativos e inclusive trataria dentre outros pontos da possibilidade de uma destituição do presidente. Outro ponto seria a apreciação de contas dos anos de 2019 e 2020, situações que motivaram ainda mais a atitude de renúncia dom presidente. “Acredito que o momento não é esse. Agora, que se tinha que fazer era estar atrás de patrocínios de recursos para o time e antes que eu perdesse de vez a compostura, eu entreguei minha carta da renúncia porque agora é hora de ações e não de debates, mas infelizmente tem pessoas dentro do clube que querem isso aí. Não estou pronto para passar por situações como essa não”, declarou Deraldo Conceição.

FAKE NEWS

Um episódio que agravou ainda mais a situação supostamente teria acontecido na noite de ontem, quando ao retornarem para a concentração após o jogo contra o Bahia, os atletas não encontraram a janta e estariam passando fome. Alguns torcedores fizeram uma “vaquinha” para adquirirem pizzas e refrigerantes para os atletas terem o que comer. A situação viralizou nas redes sociais, inclusive com o depoimento de um dos atletas confirmando o fato.

Deraldo Conceição desmentiu a situação. “É um grande absurdo isso! Olha tem comida sim, os atletas tinham refeição sim preparada. Agora eles optaram pela pizza por livre e espontânea vontade e isso poderia ter sido patrocinado pela diretoria. Era só me comunicarem, eu providenciaria. O que houve foi má fé de pessoas que torcem contra a atual gestão, ou seja, para eles é bom manter o ambiente desestabilizado”, afirmou Deraldo. “Se eles pensam que estão me prejudicando, não estão não. O Fluminense é quem está prejudicado por conta destas picuinhas que só denigrem cada vez mais a imagem do clube. O problema era Deraldo? Pronto: eu saio vou cuidar da minha vida e da minha saúde que já não estava muito boa e agora com essas coisas piorou ainda mais”, complementou.

Para Deraldo Conceição, enquanto não resolver as divergências internas, o Fluminense não consegue deslanchar. “Qual a empresa que vai associar o seu nome ao de um clube onde existem estes conflitos? As pessoas só pensam em si e dizem que amam o clube. Será mesmo? Eu lamento essa situação porque eu tinha planos, projetos, mas essas coisas aí tiram a motivação. Pessoas como Jodilton (Jodilton Souza – presidente do Bahia de Feira) e Elmano Portugal não ficaram no clube por conta dessas situações”, argumenta. “Só espero que quem assuma tenha mais sorte e esses ‘inteligentes’ encontrem todas as soluções para os problemas do Fluminense”, complementou.

Nesse momento, de acordo com o estatuto do Fluminense, o clube passa a ser administrado interinamente pelo presidente do Conselho Deliberativo. Antônio Raimundo Gomes dos Santos, que terá 30 dias para convocar uma nova eleição. O time voltará a campo pelo Campeonato Baiano no dia 4 d abril, quando encara o Jacuipense pela sétima rodada da competição.

Por Cristiano Alves com informações de Miro Nascimento e Joaquim Neto

Foto – Marcelo Oliveira