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‘Não tiveram capacidade de dar um chute a gol’: o ‘desabafo’ de Leila sobre Palmeiras na final da Libertadores e perda do Brasileirão

9 Min de leitura
Cesar Greco/Palmeiras

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, fez um desabafo de pouco mais de dez minutos aos conselheiros do clube presentes na reunião para aprovação do orçamento para 2026, realizada na noite da última terça-feira (16), na sede do clube social, em São Paulo. A ESPN teve acesso ao áudio gravado do depoimento da mandatária.

Em suas falas, Leila admite o “gosto amargo” pelo fato do Palmeiras não ter conquistado nenhum título em 2025 depois de ter chegado a duas finais, além do vice-campeonato brasileiro. A presidente não eximiu os atletas e criticou o fato do time de Abel Ferreira não ter tido nenhuma finalização sequer na decisão da CONMEBOL Libertadores, diante do Flamengo, em Lima, no Peru.

Durante o desabafo, Leila Pereira ainda falou a respeito da possibilidade de estar à frente do Palmeiras em um suposto terceiro mandato. Atualmente, o estatuto do clube prevê apenas uma reeleição para presidente. No entanto, apoiadores da mandatária tentam uma mudança no documento para permitir a ampliação.

Leila disse que não teve participação nesta discussão, mas agradeceu pela iniciativa, além de destacar que não se trata de um “golpe”, uma vez que, segundo ela, o estatuto pode ser alterado, desde que haja anuência dos conselheiros e que seja ratificado pelos associados do clube.

Ao defender o projeto, Leila Pereira citou o caso de Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que ocupa o cargo desde julho de 2000, e ironizou ao dizer que o clube espanhol “é pequeno” e “não era vencedor” por não ter alternância de poder, algo defendido por opositores da presidente dentro do Palmeiras.

Leia abaixo o discurso na íntegra de Leila Pereira no Conselho Deliberativo do Palmeiras:

“Meus amigos, minhas amigas, evidente que a presidente não ficou satisfeita com o resultado deste ano. Vou falar do fundo do coração para vocês. Por que eu não fiquei satisfeita? Fiquei com um gosto amargo por que estivemos muito próximos, muito próximos. Foram três finais. E para chegar na final é por que tivemos competência. O gosto amargo é esse. Fiquei chateada. Acho que a verdade sempre tem que estar presente aqui e fora. Tenho receio de ficar terceirizando responsabilidade”.

“Quando você terceiriza responsabilidade, você cria uma super zona de conforto para treinador e atleta. Tem que encarar a responsabilidade de frente, A responsabilidade foi nossa. Como que eu posso querer ganhar a Libertadores se meus jogadores não deram um chute a gol? Vocês conhecem alguma forma de ganhar um jogo sem gol? Eu não conheço. Agora não posso falar isso fora senão vou chatear meus atletas? Não, tem que falar sim. A responsabilidade é deles, não é minha. Eu fiz o que eu pude. Investi o que eu pude, mas eles não tiveram a capacidade de dar um chute a gol. Como que eu vou ser campeã da Libertadores desta forma? É impossível. Como que pode, dentro da minha casa, no Allianz Parque, eu não vencer o Vitória? Foi por causa do meu elenco? Óbvio que não”.

“Meu sub-20 tinha que ganhar do Vitória. Como que eu não ganho na minha casa do Fluminense? Não foi incapacidade nossa? Claro que foi. Como que eu sofro aqueles dois gols do Mirassol? Não foi incapacidade nossa? É claro que foi. Então, gente, eu sou uma mulher que não fujo da verdade. Eu encaro a verdade. Só assim você consegue encarar as adversidades, só assim você consegue cobrar seus atletas”.

“Por que se vocês pensam que não há cobrança dentro do CT, existe e muita. Mas não vou ficar me descabelando para o torcedor achar que eu estou cobrando os atletas de uma forma irresponsável. Nós não perdemos a Libertadores por causa de elenco, por causa de arbitragem, não darmos um chute no gol? Não é possível. Isso é muito claro para mim. Não participo de grupo absolutamente nenhum. Se me colocam em grupo, eu saio”.

“Eu administro o Palmeiras com os nossos profissionais, ouvindo pessoas que eu confio, não que falam o que eu quero. Eu não caí aqui de paraquedas. Eu tenho um passado, tenho uma vida. Sou empresária de empresas muito bem-sucedidas e eram bem-sucedidas antes de eu vir para o Palmeiras. Tanto que eu tirei meu patrocínio do Palmeiras e minha empresa a cada ano cresce mais e mais”.

“Eu poderia muito bem patrocinar não o Palmeiras, mas outros clubes. Mas eu sempre foquei em colaborar com o Palmeiras. Gratidão é uma virtude de poucas pessoas. A Crefisa seria grande com ou sem o Palmeiras. Eu vim para o Palmeiras por que eu amo o Palmeiras. Eu vou dar uma nota 9 para o Palmeiras esse ano, seria dez se fossemos campeões. Ano que vem vamos lutar. Não sou mulher que nasceu para ser vice, que nasceu para ser coadjuvante. Por isso que estou aqui e vou lutar por isso”.

“Ajustes serão feitos e vamos novamente ano que vem começar tudo novamente. As pessoas costumam criticar muito as nossas contratações, mas não esqueçam que fomos campeões da Libertadores com gols do Breno Lopes e do Deyverson. Muito cuidado ao criticar as contratações. Muitos atletas criticados no passado foram enaltecidos depois. Tenho certeza que alguns que estão aqui vão nos dar alegria. Mas eu quero saber quando vão elogiar alguns atletas aqui quando foram contratados”.

“Eu vou começar o ano com muito trabalho, acertando os erros e com muita força de trabalho. O Palmeiras investiu, lembrando que Cruzeiro investiu, Flamengo investiu, mas só ganha um. Acho que foi um ano proveitoso, colocar o Palmeiras para disputar títulos, é esse meu trabalho. Não fiquem desanimados, nós não ganharemos sempre, mas continuaremos protagonistas, coisas que não éramos há 11 anos atrás. As pessoas têm memória curta. O Palmeiras é gigante, tem 111 anos, mas todos nós sabemos que nesses anos passamos em momentos difíceis, mas em 11 anos vivemos uma fase que o clube nunca viveu”.

“Uma última observação sobre essa questão do terceiro mandato. Esse assunto não foi iniciado por mim, foi iniciado por alguns conselheiros que estão aqui, agradeço a confiança de cada um de vocês. Vi algumas entrevistas absurdas, rídiculas, dizendo que isso seria golpe. Nosso estatuto prevê a possibilidade de ser alterado. Alteramos várias vezes, na gestão do Galiotte, umas duas, três vezes, ninguém falou em golpe”.

“Não existe golpe quando o conselho decide que ele deve ser alterado (estatuto) e isso seja ratificado pelos associados. Não existe golpe neste sentido. Não existe nada de concreto, fico feliz quando lembram do meu nome. Acho contraditório quando falam que é saudável a alternância de poder, eu sou uma conselheira vitalícia, se é saudável uma mudança de poder, por que o conselho vitalício? Por que não essa alternância de poder também no conselho? É meio contraditório”.

“Quando conselheiros vitalícios que reclamam de golpe, na verdade têm uma síndrome de abstinência de viagens e de benesses que eu cortei. A alternância de poder não acontece no Real Madrid, onde o presidente está lá há 20 anos. Mas o Real Madrid é um clube pequeno, sabe (irônico) e não é nem um pouco vitorioso. É uma questão de capacidade, amigos. Não é questão de alternância. Se é uma pessoa capaz, tem que ficar. Senão, tem que sair”.

Fonte:ESPN Foto:Divulgação

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