O argentino Gustavo Alfaro, 60, não é nada modesto sobre as chances da seleção do Equador na Copa do Mundo: vencer. “Eu digo aos meus jogadores que não vou competir. Vou ganhar. Como diria [o uruguaio] Obdulio Varela: cumprimos se ganhamos”, disse o treinador em entrevista ao site da Fifa”.
O Mundial pode reservar surpresas sempre. Na Rússia, em 2018, a Croácia foi finalista. A Turquia chegou à terceira posição em 2002. Mas um eventual título equatoriano seria a maior zebra da história da competição. Ainda mais para uma equipe que vai participar do torneio pela quarta vez e nunca foi além das oitavas de final. Isso aconteceu em 2006.
O discurso de Alfaro soa mais como um chamamento às armas aos atletas. Ainda mais porque, nos meses que antecedem a viagem ao Qatar, os planos do treinador começaram a ser atrapalhados por lesões.
O meia-atacante Joao Rojas, ex-São Paulo, sofreu lesão no ligamento cruzado do joelho esquerdo. O zagueiro Arboleda, do clube do Morumbi, fraturou o tornozelo esquerdo e o atacante Ayrton Preciado passou por cirurgia por causa de uma fissura na tíbia.
“Já disse a todos eles que os espero até o último dia”, afirmou o argentino.
O sonho de título não parece provável também porque nas eliminatórias o Equador ficou com a última vaga da América do Sul. Terminou no quarto lugar. Em quinto, o Peru disputou repescagem com a Austrália e perdeu. Na Copa América do ano passado, conseguiu chegar às quartas de final contra a Argentina e acabou derrotado.
Trata-se de uma mudança de perspectiva porque Alfaro rasgou elogios a Tite e chegou a dizer que o técnico da seleção brasileira merece o título mundial. Algo que não pegou bem não só no Equador, mas também no seu país natal.
O Equador tem jogadores talentosos como Moisés Caicedo. O volante de 20 anos é uma das surpresas da atual temporada na Premier League pelo Brighton e tem sido especulado em grandes clubes da Europa na próxima janela de transferências.
“A capacidade física e técnica que ele [Caicedo] tem é algo impressionante. É um menino que tem futuro enorme”, elogiou o técnico Graham Potter, que era do Brighton e hoje dirige o Chelsea.
Com a mesma idade de Caicedo, o Equador tem o zagueiro e lateral esquerdo Piero Hincapié, do Bayer Leverkusen. No ataque, a referência ainda é Enner Valencia, 34, remanescente da campanha na Copa do Mundo do Brasil, em 2014. Com 34 gols, é o maior artilheiro da história de uma seleção que passou a ter protagonismo neste século.
A primeira participação do país na competição aconteceu apenas em 2002.
A equipe teve de superar também a polêmica envolvendo o defensor Byron Castillo. O Chile entrou com recurso na Fifa pedindo a vaga do Equador na Copa sob a alegação de que o jogador, na verdade, é colombiano. A entidade negou o pedido e o caso foi para o TAS (Tribunal Arbitral do Esporte). A pouco mais de um mês do início do torneio, uma mudança agora não é vista pelos dirigentes como algo provável.
“Nós precisamos ter uma dimensão exata do que somos e do que ser. Na minha cabeça, não há outra coisa que não seja o Mundial. Não há nada mais importante do que isso porque lutei toda a minha vida para ter esta oportunidade”, afirma Alfaro.
Com o Equador, ele manteve o mesmo padrão tático que apresentou em outros times que dirigiu, como Boca Juniors e Huracán, na Argentina: uma variação entre o 4-4-2 e 4-2-3-1. Nas eliminatórias, em alguns poucos momentos lançou mão de uma linha com três zagueiros.
O Equador vai fazer a a abertura da Copa do Mundo contra o Qatar, em 20 de novembro. Além disso, pelo Grupo A, também vai enfrentar Senegal e Holanda.
Fonte: Folha de S. Paulo Foto: divulgação