Um dos nomes que marcou época no esporte feirense, notadamente no Fluminense de Feira, foi José Carlos Pedreira Filho, ou simplesmente Nengo Coió. Filho do jornalista e publicitário José Carlos Pedreira, o Zé Coió, ele marcou época tendo atuado em 10 temporadas pelo tricolor feirense, se tornando um ídolo até hoje muito lembrado pelos torcedores.
O começo da carreira foi em 1990 no próprio Fluminense, que tinha seu pai como um dos diretores, de reconhecido trabalho, uma vez que por dois anos consecutivos – 1990 e 1991 – o Fluminense foi vice-campeão baiano
Nengo guarda grandes recordações da época em que jogou no Fluminense. “O estádio vivia cheio e graças a Deus sempre tive muita moral com o torcedor. Lembro de uma partida contra o Juazeiro, eu estava no banco de reservas pois tinha me recuperado de lesão e o treinador me colocou em campo. Eu estava aquecendo no fundo do gol e a torcida me aplaudindo, fazendo festa. Logo que entrei fiz um gol, o estádio foi ao delírio. Isso me marcou demais”, lembra.
Ao todo, ele jogou 10 temporadas no Touro do Sertão. “Olha, em 90 quando comecei, o Fluminense fez um grande time que acabou sendo vice-campeão baiano: Jorge; Itamar, Augusto, Careca e Rivaldo; Zelito, Xodó e Rivelino; Quirino, Renilson e Baiano. Teve aquela história toda do Paulo Carneiro (a época presidente do Vitória) ter sumido coma taça, depois da luz ser reestabelecida na Fonte Nova. Dentro de campo o time era excelente e seria campeão baiano”, diz Nengo.
Ele ainda lembra de outros momentos no Touro do Sertão. “Em 95 fizemos outro bom time e poderíamos ir a final, mas o time foi acusado de ter colocado jogador irregular para atuar e acabou apenado com a perda de pontos. Depois descobriram que não tinha ilegalidade nenhuma e por aí vai. Em 99 fiz parte do time que retornou à elite baiana depois de jogar a 2ª divisão. São momentos que me recordo com muito carinho”, afirma Nengo.
Como jogador, ele ainda acumula em seu currículo passagens por clubes como Bahia, Guarani, Rio Branco de Americana/SP, Goiânia/GO, além de ter jogado no futebol mexicano. “São grandes lembranças, mas o Fluminense tá no coração e sinceramente torço muto para que um dia as coisas mudem e o clube possa voltar a viver grandes momentos”, afirma Nengo.
Dos treinadores com quem trabalhou no tricolor feirense, ele destaca a parceria com Roberto Basílio, o Merrinho. “É um cara, que para os padrões de hoje não se encaixa muito porque tem que ser didático, se desmanchar em táticas. Ao contrário, o Merrinho treinando a gente passava orientações básicas e a maior parte do tempo nos dava a liberdade para criar, nos dava confiança. Era bom demais, dava certo. Não tenho dúvidas de que foi o treinador que mais me marcou”, recorda.
Para ele, Fernando Diniz atualmente dirigindo o Fluminense do Rio de Janeiro, é o treinador que lhe chama a atenção. “Hoje, os treinadores em sua maioria são ‘engessados’, se preocupam mais em garantir seus empregos, não se arriscam em inovar e o Diniz vem na contramão disso tudo. Talvez por isso ainda não tenha assim vivido um grande momento com uma grande conquista”, comenta Nengo.
TRISTEZA
Aos 53 anos, Nengo Coió se tornou empresário, bem diferente de outros ex-atletas quando “penduram as chuteiras” ainda seguem envolvidos com o futebol, como treinadores, oi dirigentes. “Não me interessei muito em seguir no futebol até pela perspectiva que se tem hoje em Feira de Santana. O Fluminense ainda é o grande clube da cidade, mas com o desaparecimento de muitos abnegados o time perdeu a força. Hoje não se tem um projeto concreto e a realidade de agora me causa muita tristeza. Por isso me mantenho distante, mas no dia que houver uma ação consciente, eu quero participar porque se trata do clube do meu coração”, revela.
Nengo também acredita que as mudanças dentro de campo são situações que ele não se adaptaria. “O futebol hoje é burocrático: os atletas precisam ser aplicados taticamente e o lado moleque é praticamente esquecido. Como pode hoje o melhor jogador do Brasil ser um gringo? O Arrascaeta tá jogando barbaridade no Flamengo e qual é o grande nome brasileiro? Nenhum porque estão acabando com a nossa habilidade, jogador não tem liberdade. São coisas que me deixam triste, mas apesar disso a gente acompanha e fica na torcida por mudança de mentalidade para que o futebol volte a ser alegre e irreverente”, declarou.
Por Cristiano Alves
Foto – Diplomatas News