O Cruzeiro está rebaixado pela primeira vez à Série B do Campeonato Brasileiro. Prestes a completar 99 anos, o clube sucumbiu frente a um ano que combinou escândalos extracampo e sequência de fiascos nas quatros linhas. O capítulo final desse drama foi a derrota para o Palmeiras, por 2 a 0, neste domingo, no Mineirão, pela rodada final do campeonato.
Foi um começo morno. O Cruzeiro viveu um dilema: a necessidade de vencer e o risco de um erro deixar ainda mais complicada a missão. A Raposa precisou administrar a tensão que cercava a partida. Além das limitações, o Cruzeiro mostrou-se cauteloso. Quando arriscou um pouco mais, parou no nervosismo, com erro na definição das jogadas. O Palmeiras, mais organizado, encontrou espaço pelos lados. E teve as melhores chances, com Léo, que quase marcou contra, e Zé Rafael. Em ambas, o goleiro Fábio salvou o Cruzeiro.
A falta de tranquilidade seguiu marcando o Cruzeiro. O time sabia que não podia vacilar. E o pior aconteceu. Aos 11 minutos, Dudu recebeu em profundidade, ganhou de Cacá na força física, tocou de calcanhar para Raphael Veiga, que cruzou para trás. Zé Rafael finalizou de primeira, rasteiro, e abriu o placar para o Palmeiras. O Cruzeiro sentiu o golpe. Para piorar, o Ceará, logo em seguida, empatou com o Botafogo, no Rio. Silêncio no Mineirão. Coube a Dudu, revelado na base do Cruzeiro, marcar o segundo gol.
Os minutos finais no Mineirão não foram apenas tensos. Foram de vandalismo, confusão. Torcedores revoltados começaram a quebrar cadeiras. Houve corre-corre, tentativa de invasão de campo. O jogo foi paralisado aos 40 minutos da etapa final. O ambiente ficou pesado. Bombas foram jogadas nas arquibancadas. Um torcedor saiu carregado, aparentemente machucado. Outro foi atendido na arquibancada. Houve invasões em alguns setores. A Polícia Militar precisou intervir. Sem condições de segurança, o árbitro Marcelo de Lima Henrique encerrou a partida. A administração do Mineirão publicou mensagens no telão solicitando para que os torcedores evacuassem o estádio.
O ano de 2019 entra para a história do Cruzeiro da maneira que nenhum torcedor do clube gostaria. Mas antes da queda, uma sequência de desacertos marcou a Raposa. Foi uma temporada de sérios problemas financeiros, de grave crise administrativa, com denúncias de irregularidades da diretoria, que resultaram em investigações policiais. O vice- presidente de futebol, Itair Machado, tentou resistir, mas foi demitido. O diretor-geral Serginho pediu demissão. O presidente Wagner Pires de Sá sobreviveu apenas após uma manobra que colocou o ex-presidente Zezé Perrella no comando do futebol na reta final. A queda não foi evitada. Em campo, o elenco milionário não deu retorno. Desamandos aconteceram. Foram quatro treinadores: Mano Menezes, Rogério Ceni, Abel Braga e Adilson Batista. O resultado final: o rebaixamento.
Informações Globo Esporte